segunda-feira, 20 de junho de 2016

Correndo por fora




Independentes: Escritores ganham espaço fora do mercado delimitado por editoras e instituições culturais.
            Matéria publicada pelo jornal A TARDE, dia 23/04/2001
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Neste exato momento, uma legião de escritores, ou de pessoas que assim se auto-intitulam, procuram, das mais diversa formas, realizar o sonho de publicar um livro. Eles são muito mais numerosos do que se imagina e, em sua grande maioria, inevitavelmente deparam-se com a dura realidade do mercado editorial. Mercado que não dá muito espaço àqueles quem por uma razão ou por outra, não se enquadram nos critérios, [às vezes um tanto incompreensíveis] das editoras e instituições oficiais...

...Outro bom exemplo de autor independente que tem conseguido encontrar seu caminho à margem do sistema editorial, é o do caminhoneiro Orlando Lemos, de 59 anos. Natural de Salgado Sergipe, mas residente há muitos anos em Salvador, Orlando é autor de uma série de histórias saborosas, construídas a partir da vivência nas estradas do País. Todas elas reunidas nos livros Histórias que a Estrada Contou [1999] e Cada Palmo Dessa Estrada [2000]. No final deste mês, será lançado "No Calor da Estrada" [que teve o título modificado para "Todo Dia Nessa Estrada"], em que Lemos dá continuidade ao seu talento inato de contador de causos, manifestado desde a infância, quando ouvia os vizinhos contar histórias e as recontava, modificando o final ao seu bel-prazer.

Lemos, que publicou seu primeiro livro, "O Coração Também e-Escreve", quando residia no Rio de Janeiro, é assim definido pelo poeta e líder do movimento cultural Pórtico, Goulart Gomes: "Quase não há diferença entre ler um livro de Orlando e entrar na boleia de um caminhão para rodar pelo Brasil, diz ele, acrescentado, que os livros são na verdade, um caminhão cheínho dos mais incríveis causos, como há muito tempo não se ouve contar, conduzido pelas hábeis mãos de um escritor, forjado, na melhor das universidades: a vida".
    
     O escritor, que cursou apenas o 2º grau, foi vencedor por 4 vezes consecutivas do "Concurso Literário Nacional, de Histórias das Estradas" instituído nos anos 80 pela empresa São Paulo Alpargatas. Apesar disso, não encontrou, até hoje, nenhuma guarida das editoras e livrarias, tendo que editar os livros com seus próprios recursos e vender, de mão em mão, os exemplares que se esgotam rapidamente.

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