segunda-feira, 20 de junho de 2016

Prefácio



    
Dulcinéa Gomes Borba - Juíza de direito do Estado do Rio de Janeiro - RJ.


O homem, em sua maravilhosa grandeza, ama o belo e o simples como expressões máximas da capacidade humana. E simplicidade e beleza são características deste livro.
Aqui, desfila com candura e graça, gente simples e boa, as vezes envolvida por questões morais complexas, mas, sempre atenta à verdade dos valores eternos - bondade e pureza - que busca em desespero.
Não são monstros as personagens de Orlando Lemos. São, antes de tudo, gente sofrida, humilhada, incompreendida e desvalorizada, que sai ao encontro de si mesma. Nas estórias desse novo autor brasileiro, não vemos distorções da figura humana. Encontramos o erro e, imediatamente, uma forma sublime de corrigi-lo, mesmo que os danos materiais sejam irreparáveis. Assim, o novo contista nacional de histórias e estórias das estradas, leva a gente que povoa seu livro para os caminhos normais, tão conhecidos pelo homem, talvez até um pouco esquecidos nos dias atuais.
O autor não mergulha irremediavelmente seus personagens nos submundos lamacentos, fazendo com que se percam nos labirintos da marginalização social, pelo contrário, ele encontra lá as pessoas que vivem em seus contos, e retirando-as das angústias e torturas em que se perderam, purifica-as com o óleo sagrado da verdade. E verdade, hoje, está quase esquecida. Por isso, é preciso que surjam muitos autores novos possuidores desse dom maravilhoso - mostrar a verdade, verdade antiga, velha, obsoleta, ultrapassada, olvidada por muitos, mas real e eterna, simplesmente porque é verdade.
As repentinas e drásticas transformações porque passou o mundo tontearam o homem e, desta embriaguez, resultaram concepções errôneas e pseudo-verdades acerca da vida e dos seres humanos. 
A literatura refletiu, como sempre, esse estado anormal da
humanidade, fazendo brotar dos livros, em proporções gigantescas e assustadoras, monstros-quase-sagrado que pareciam querer tomar o lugar pertencente ao verdadeiro homem. E, por pouco, não se chegou a pensar em que o mundo fosse um vastíssimo manicômio povoado de todos os tipos de personalidades anormais. A cadeira do psicanalista quase substituiu a poltrona doméstica, o bom senso educação e auto-controle quase deram lugar aos produtos químicos-farmacêuticos, pois acreditava-se que ninguém mais podia conter-se sozinho.
No entanto, apesar da tecnologia avançada, o homem continuou sempre a ter os mesmos problemas de outrora, a desejar as mesmas coisas do passado, a sofrer e amar da mesma forma que fazia a 100 anos.
Na realidade, o que aconteceu foi a embriaguez inicial provocada pelos novos e vastos recursos de que dispõe atualmente a humanidade.
O homem atual assemelha-se ao novo rico que, de repente, vê-se tonto com a enorme fortuna e, sem sentir, começa a usá-la mal, tornado-se ridículo e, portanto, passando a não ser mais um tipo normal.
Todos despertaremos um dia para a verdade dos nossos dias e veremos que, no fundo somos iguais as personagens de Orlando Lemos - simples, puros, bons e, principalmente, ávidos por pertencer a um mundo em que pureza não envergonhe ninguém e simplicidade não seja razão para risos.
O primeiro passo foi dado pela literatura norte-americana. 
Depois do impacto causado por "Love Story", com sucesso de vendagem em todo o mundo, será mais fácil perceber que as coisas estão mudando. 
E aqui está Orlando Lemos com seus contos, simples  e belos, para fazer com que a mudança se processe com maior rapidez.

    



Nenhum comentário:

Postar um comentário